“Quando entrou na sala, ele olhou e
falou ‘que lindo’, com uma expressão de criança mesmo, verdadeira e
emocional. Se uma criança gosta, é porque a gente tem algo puro, tem
algo bom na mão. Foi o Michelzinho quem escolheu a marca.”
Elsinho Mouco, o publicitário por trás
da nova identidade visual do governo do país sob comando de Michel
Temer, fala extasiado sobre o momento em que o filho de sete anos do
presidente interino se encantou pela imagem que seu pai vai usar para
simbolizar e vender o atual momento político.
Das duas versões mostradas às vésperas
do afastamento da presidente Dilma Rousseff a Temer e sua mulher,
Marcela, na casa da família em São Paulo, Michelzinho gostou daquela em
que a esfera celeste com uma faixa que diz “Ordem e Progresso” flutua
sobre a palavra “Brasil” vista em perspectiva, logo abaixo do globo.
Esse recurso ao lema da bandeira
nacional não é um acaso. Tem a ver com a explosão de verde e amarelo que
tomou conta das ruas nos movimentos contra a administração petista,
alvo de marchas históricas pelo país, como a que levou meio milhão de
manifestantes à avenida Paulista em março, o maior ato político já
registrado em São Paulo.
Mas mesmo que tenha encantado os Temer
num momento fofo dos bastidores do marketing político, o gosto de
Michelzinho não reflete as tendências do design atual.
Um tanto retrô, distante da onda de
simplificação e releitura da austeridade do modernismo que domina o
design nos últimos anos, a marca causou estranhamento entre designers
ouvidos pela Folha pelo uso do degradê azulado e de seus contornos
tridimensionais.
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