Por : Antonio Alves de Oliveira Neto
Historiador e estudante do curso de Letras/Português (UFERSA)
Militante do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL)
Conhecida por ser um dos
melhores lugares do mundo para a prática de voo livre, Patu tem se
destacado nas altas estatísticas de práticas delituosas com cunho
violento. Motivo de orgulho e de identidade, os moradores da cidade do
médio oeste potiguar vêem os ventos fortes de junho a setembro darem
lugar a tempos difíceis, que retiram a calmaria e trazem dias nebulosos.
Chamo a atenção para um problema que não “nasceu” da noite para o dia
ou que está acontecendo porque é o fim dos tempos, como alguns querem
acreditar.
Uma cidade que não se
mostra capaz de captar a sua população para o mercado de trabalho, onde
os jovens vivem na ociosidade, o esporte e o lazer é relegado a segundo
plano, qual a perspectiva de vida para essas pessoas?
Qual o sentimento
de uma comunidade que só vê a presença do Estado quando o carro da
polícia passa para dá baculejo nos jovens?
Sem saneamento, sem
calçamento, sem projetos de profissionalização ou iniciativas que
garantam empregos.
O que esperar de uma cidade que só cresce o número de
habitantes e as notícias de homicídios ou de furto e roubo?
Então, qual caráter terá um
indivíduo que não tem condições dignas de vida?
Que a única
materialidade que chega são as drogas…Quantos empregos foram gerados nos
últimos 20 anos em nossa cidade?
Pensemos, qual a necessidade de cada
vez mais pessoas saírem da cidade em busca de um emprego com um salário
ou carteira assinada para manter suas necessidades básicas?
Estou dizendo que por
ineficiência, incompetência e má vontade política, da classe em geral,
vivemos fadados a tragédias, porque uma cidade que só cresce em número
de habitantes e não abre uma porte de emprego, não tem como ser uma
cidade pacata. De acordo com a especialista em Ciência Penais, a
advogada Karla Sampaio, não é demais salientar que são fatores de
natureza econômica, como a falta de oportunidades e a desigualdade
social, a mola propulsora para o comportamento criminoso, em especial o
violento.
É indecente pedir paz para
quem vê políticos se montando em fortunas às custas da miséria do povo,
enquanto lança-se com naturalidade campanhas para arrecadar insumos
básicos para a saúde. Opostamente a Patu, cito o exemplo de São José do
Seridó, que segundo o último censo do IBGE conta com 4.231 habitantes, e
hoje gera cerca de 600 empregos diretos e conta com 17 fábricas de
indústria têxtil, ainda em 2015 foi eleita a 4ª melhor cidade para se
viver no RN.
Já aqui…ah, aqui os jovens
não fazem escolhas, eles não tem o privilégio de escolher se quer
trilhar este ou aquele caminho, e é sobre isso que estou falando,
vivemos condicionados a uma realidade, realidade dura que nos desumaniza
e transforma pessoas em estatísticas.
[Peço licença, aos leitores para fazer essa ressalva]
Que os oportunistas de
plantão não tomem como sendo um post de oposição. É sobre política, tão
somente. É sobre políticas públicas, é sobre justiça social, é sobre
crescimento populacional atrelado a desenvolvimento socioeconômico.
Fonte : Blog A FOLHA PATUENSE
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