Foto : Escalada no Pico do Pelado - Patu - RN
Escalada
A escalada é um esporte que utiliza técnicas e
movimentos específicos com o objetivo de subir uma montanha ou um muro
artificial. Ela pode ser realizada em diferentes ambientes: em rocha
(montanhas), em blocos (pedras pequenas chamadas de boulder), em neve (alpinismo ou andinismo), em gelo e também em clubes ou locais fechados (chamado de escalada indoor).
Antes de tudo, a escalada é uma atividade que junta coordenação motora
para aprender e realizar os movimentos específicos (técnica), controle
mental (gerenciar o medo), força e flexibilidade. Estas características
fazem com que o esporte seja uma ótima atividade para ajudar a dissipar o
estresse do dia-a-dia.
Foto : Pico do Pelado - Patu - RN
Dentro de cada diferente ambiente para a sua prática,
ainda existem várias modalidades de escalada: em muro artificial temos a
escalada indoor; no ambiente natural a escalada de bloco (ou boulder), esportiva (difíceis e com menos de 60 metros), tradicional (mais de 60 metros, fáceis, moderadas ou difíceis),bigwall
(necessário pernoitar na parede em macas suspensas), alpina (neve e
gelo com pouca necessidade de aclimatação à altitude) e de alta montanha
(expedições com duração de semanas onde é necessário a aclimatação
gradual a altitude). Cada uma conta com técnicas e equipamentos
específicos para produzir os sistemas de segurança que vão evitar (ou
minimizar) acidentes e fatalidades. De maneira geral, a escalada usa
apenas mãos e pés para poder progredir na parede, e por isso são
chamadas “em livre”. Já na escalada “em artificial” (com técnicas mais
utilizadas em bigwalls), o escalador recorre aos equipamentos
também para ascensão, tais como estribo (escadinhas) e os pontos
proteção, entre muitos outros.
Foto : Serra do Lima - Patu - RN
Proteção
Como a maioria das atividades de aventura, a escalada
(especialmente ao ar livre) é um esporte de risco e por isso deve ser
praticado com acompanhamento de guias e seguindo as regras de segurança
ensinadas pelas organizações esportivas e instrutores credenciados por
elas. O mais recomendável é a realização de um curso básico de escalada
certificado pelas federações existentes, embora poucos estados contem
com esse tipo de organização. Na dúvida, consulte a confederação (CBME –
entidade nacional do esporte). Dentre todos os aspectos, os principais
são o uso de materiais adequados ao esporte (sem improvisos) e seu
correto manuseio, uma vez que um ótimo equipamento para uma finalidade
pode simplesmente não suportar um uso incorreto, contra-indicado pelo
seu manual, e se romper.
Foto : Cristina ( YASMIM TUR ), Denn Malloy e Resinaldo Ernsto em Serra do Lima - Patu - RN
As formas de proteção também diferenciam os tipos de
escalada: fixas ou móveis. Nas fixas, o primeiro escalador a subir
(conquistador) coloca peças não retiráveis para a realização da
segurança (grampos e chapeletas). Já nas chamadas “vias em móvel”,
existem fendas e rachaduras em que são colocadas, por cada guia, as
peças de proteção retráteis ou de encaixe, como os friends, camalots, nuts, entre outros.
Foto : Felipe Fernandes - Patu - RN
Na maioria dos casos, a escalada é feita com pelo
menos duas pessoas, que atuam com papéis distintos em uma equipe chamada
de cordada: o primeiro da cordada é o guia, com mais experiência e
maior habilidade e desenvoltura com as técnicas, além de muitas vezes já
conhecer a rota escolhida (chamada de via).
Quando todos os escaladores
são experientes, podem se revezar na função de guia, durante uma
escalada.
A comunicação entre os participantes e a confiança mútua são
fundamentais pois enquanto um escala, o outro garante a sustentação da
corda para o caso de queda. Apesar de menos comum, a escalada também
pode ser praticada individualmente, e existem técnicas e materiais
específicos para isso.
Graduação em escalada
A escalada tem graduações que definem seu nível de
dificuldade. No Brasil utiliza-se um tipo de graduação mista, numa
combinação de números, letras e algarismos arábicos e romanos. Por
exemplo, uma via graduada em 6º VIIc A2 E3 D3 quer dizer que 6º é o grau
geral da via; VIIc é o grau do lance mais difícil;
A2 é o grau do lance
em artificial (quando há); E3 é o grau de exposição da via (risco de se
machucar em caso de queda); e D3 é a duração estimada da via (4 a 6
horas). A graduação brasileira se aproxima mais da graduação francesa,
mas isso pode variar de país para país. Se quiser mais detalhes sobre o
assunto, clique aqui
e conheça o Sistema Brasileiro de Graduação em Vias de Escalada, no
texto produzido pela Federação dos Esportes de Montanha do Rio de
Janeiro (Femerj). Na verdade, o grau da via é algo subjetivo, de maneira
que apenas praticando é possível compreender o que isto realmente
representa.
Escalada Indoor
A escalada indoor tem sido muito utilizada como
recurso de treinamento, especialmente em locais onde não há montanhas
muito próximas, mas também conta com adeptos que o praticam como um
esporte em si. A escalada indoor ainda não é um esporte olímpico, mas
seus campeonatos ocorrem em todo o mundo. Em 1985 foi realizado na
Itália o primeiro campeonato mundial, ainda em uma parede natural, e
desde 1990 acontece a copa do mundo de Escalada Esportiva (já indoor)
em vários países. No Brasil o esporte começou a ser praticado no final
da década de 80. O grande divisor de águas no país foi a realização, em
1989, do I Campeonato Sul Americano de escalada Esportiva, em Curitiba. A
partir daí novos atletas e patrocinadores passaram a apoiar e a
praticar o esporte. Atualmente o grau mais difícil já escalado por um
brasileiro é o 11a (cada grau cheio é subdividido em a, b e c). No
mundo, o seu equivalente mais difícil está em torno do 12b.
Vale frisar novamente que a escalada, em suas várias
modalidades, é um esporte de risco e o desconhecimento de todos os
elementos envolvidos a transforma em uma atividade realmente perigosa,
que pode resultar em acidente incapacitante e até a morte do praticante.
Este artigo é básico e nunca substituirá a instrução de um guia
experiente e bem formado. Aquele que resolve escalar deve ser
responsável por esta decisão e agir com responsabilidade, procurando
formação especializada e equipamentos adequados.
Principais equipamentos da escalada
Os equipamentos usados em uma escalada variam
conforme a modalidade da escalada, o grau de dificuldade, a distância da
via, a duração da atividade e as próprias especificidades do local. Por
exemplo, aqueles que praticam escalada em bloco geralmente não precisam
usar corda. Entretanto, usam os chamados crashpads, uma espécie de colchão que é colocado embaixo do bloco para minimizar os efeitos de uma possível queda do escalador.
Apenas para exemplificar, listaremos aqui os materiais mais básicos usados em uma escalada em rocha:
Corda – Tem a função de garantir a
segurança dos participantes em caso de quedas. São cordas apropriadas
para o esporte, fabricadas com fibras sintéticas, polímeros do nylon
(perlon), devido à alta resistência e elasticidade, amortecendo o
impacto.
Cadeirinha – Também chamada de
baudrier, é de fato uma “cadeira” de fitas de nylon que distribui a
tensão causada pelo peso do corpo na cintura (região lombar da coluna) e
virilha (região próxima da coxa). É por meio dela que o escalador se
prende à corda, e onde também se pendura os mosquetões e freio.
Sapatilha – Calçado apropriado que
tem o formato ideal para propiciar maior equilíbrio e aderência à rocha.
A utilização de sapatilha é fundamental neste esporte.
Mosquetões – São elos de duralumínio
ou aço, com fecho de mola, usado no encaixe de outros equipamentos
(cordas, alças de fitas, baudrier, entre outros). É uma peça fundamental
para os sistemas de segurança, descidas e ancoragens.
Freio – É o equipamento usado tanto
para dar segurança, como para fazer a descida pela corda, o rappel.
Existem vários tipos, sendo que um dos mais conhecidos é o oito.
Capacete – Item de segurança comum
na maioria dos esportes de aventura, o capacete tem a função de proteger
a cabeça do escalador de objetos que porventura caiam ou de um choque
em casos de queda. Os capacetes de escalada são leves e ajustáveis à
cabeça.
Magnésio – Pó usado para retirar o suor da mão,
aumentando assim o atrito com a parede. Há um recipiente próprio para
colocá-lo durante a escalada: o saco de magnésio.
Fita solteira – Fita mais comprida usada para prender o escalador ao grampo ou ancoragem no momento em que não está escalando.
Onde praticar
Atualmente é possível praticar a escalada em quase
qualquer cidade do Brasil, sejam nas montanhas da região ou em muros
artificiais em academias ou clubes construídos especificamente para
isso. Há praticantes, inclusive, que constroem muros de escalada dentro
de sua própria casa.
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