“Eu não acreditava que chegaria a esse momento”, declara o estudante
de Medicina da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN),
Caio da Fonseca Silva, 28, sobre a sua colação de grau, que ocorreu ontem , 6. A expressão remete a sua difícil trajetória até
conquistar o tão desejado diploma de graduado.
Filho de assentados, Caio da Fonseca Silva viu na educação uma alternativa para transformar a sua vida e de sua família. “Trabalhávamos com meu pai na agricultura, no Projeto de Assentamento Quixaba. Meu irmão (que é formado em Direito, também pela UERN) foi o primeiro da família a se ater para os estudos. Inspirado nele, também decidi trilhar por esse caminho”, relata.
As dificuldades em seguir com os estudos foram muitas, antes mesmo de
ingressar na faculdade. Por muitas vezes, ele percorreu de bicicleta 22
quilômetros do assentamento Quixaba até a escola onde cursava o Ensino
Médio para não perder aula. “Foi então, que decidi vir para Mossoró. Vim
morar na Casa do Estudante de Mossoró, onde fiquei por cinco anos”, afirma
o discente.
Quando concluiu o Ensino Médio, Caio da Fonseca não prestou
vestibular de imediato. “Infelizmente, o ensino público deixa muito a
desejar e para se tornar competitivo para o curso que eu desejava, tive
que estudar por alguns anos para ter base para passar. Estudava em média
16 horas por dia”, lembra Caio. Segundo ele, como estudava bastante,
conseguiu uma boa base em disciplinas como química e física, e passou a
dar aulas de monitoria em cursinhos da cidade, e em troca, os
proprietários dos cursinhos permitiam que ele assistisse aulas em
disciplinas que tinha mais dificuldades, como português e redação. “Isso
me ajudou muito”, diz.
Em 2010, passou em Medicina. Os seis anos de graduação foram tão
difíceis ou mais do que o período do Ensino Médio. “Foi difícil, foi
muito sofrido. Minha família tinha a maior boa vontade, me incentivava,
mas infelizmente, não tinham como me ajudar na questão financeira. Por
mais que a UERN seja uma instituição pública, se manter no curso requer
muitos gastos, com livros, material, xerox”, declara. Ele lembra que
muitos professores da Faculdade de Ciências e Saúde o ajudaram,
inclusive financeiramente.
“Como minha família é do assentamento Quixaba, tinha que conseguir
moradia aqui em Mossoró. A ideia era ir para a Residência Universitária,
mas mesmo na residência ficava pesado para arcar com alimentação e o
transporte para ir à Faculdade. Então, uma pessoa da faculdade e pessoas
de fora me ajudaram a pagar aluguel em uma residência perto do curso e
assim consegui levar. Sinceramente, em algumas situações eu achava que
não ir conseguir”, relata o estudante.
Hoje, prestes a receber o diploma em Medicina, Caio da Fonseca Silva
relembra com emoção toda sua trajetória. “Ainda não caiu a ficha, acho
que só vou acreditar quando tiver o diploma em mãos. Não existem
palavras para descrever a felicidade que eu tenho, principalmente em ver
a felicidade dos meus pais em ver mais um filho formado”, diz o
graduando. As suas metas agora são trabalhar para estruturar a vida sua e
de sua família, e até o final do próximo ano prestar residência para
neurocirurgia.
Para ele, a UERN foi um divisor de águas em sua vida. “Sempre sonhei
em estudar na UERN, sempre me via estudando aqui, na FACS. A Faculdade
de Medicina me tornou uma outra pessoa. Vivi muitas coisas aqui, e hoje
sou uma pessoa mais humana, muito melhor. Devo muito do que eu sou aos
meus professores e ao corpo de servidores da instituição. Vou levar a
UERN comigo para onde for”, finaliza.
Colação de grau
Colação de grau
Na noite de ontem, 6 de setembro, 25 alunos de Medicina da
UERN colaram grau, em solenidade realizada , no Teatro
Municipal Dix-huit Rosado.
Fonte : Blog do BG
Nenhum comentário:
Postar um comentário