Equipe da Polícia Federal esteve em prédio na Avenida Boa
Viagem, na Zona Sul do Recife, nesta sexta-feira (19), dentro da
Operação Abismo — Foto: Clarissa Góes/TV Globo
O prefeito de um município do Grande Recife foi preso pela Polícia
Federal em uma operação contra esquema de fraudes no instituto de
previdência dos servidores da cidade, nesta sexta-feira (19). Outras 13
pessoas também foram presas. Segundo a PF, os envolvidos receberam
propina para transferir R$ 90 milhões do instituto, que estavam em uma
instituição financeira sólida, para uma empresa composta por ativos de
risco. (Veja vídeo acima)
A transferência poderia comprometer o pagamento futuro das
aposentadorias, apontam os investigadores. Os nomes dos presos e da
cidade não foram divulgados porque o caso segue em segredo de justiça.
Foram cumpridos, até as 10h30, 14 dos 22 mandados de prisão e todos
os 42 mandados de busca e apreensão emitidos para a Operação Abismo, de
acordo com o delegado Márcio Tenório, titular da Delegacia de Combate à
Corrupção da PF.
A delegada federal Andréa Pinho explica que, a princípio, o prefeito
não tinha como transferir diretamente os recursos do Instituto de
Previdência, mas que ele nomeia a pessoa responsável pelo fundo de
aposentadoria do município.
“Na investigação, conseguimos detectar indícios de pagamento de propina, de pagamentos de espécie”, explicou.
O Tribunal Regional Federal da 5ª Região autorizou o sequestro e
bloqueio de bens e valores depositados em contas em nome dos
investigados. Os mandados foram para Pernambuco e também Rio de Janeiro,
São Paulo, Paraíba, Distrito Federal, Goiás e Santa Catarina.
“O esquema envolve grandes operadoras do mercado financeiro e, em
geral, elas se localizam no Rio [de Janeiro] e em São Paulo. Por isso,
cumprimos mandados nessas cidades hoje”, explicou o delegado Márcio
Tenório.
O esquema
As investigações apontam que cerca de 50% do total do fundo, que
estavam investidos em uma instituição financeira sólida, foram
transferidos para uma empresa de fundos de investimentos composta por
ativos “podres”. Ou seja, com pouca perspectiva de rentabilidade e com
grande probabilidade de não conseguir realizar o pagamento das
aposentadorias no futuro, segundo a PF.
Segundo a delegada Andréa Pinho, essa empresa utilizou lobistas para
captar e negociar com os clientes, oferecendo propina para que eles
fechassem negócio.
Os investigadores encontraram indícios de que a transferência dessa
carteira de investimentos foi feita a mando do prefeito do município, em
razão do recebimento de propina.
Segundo a Polícia Federal, os mandados de prisão foram para
empresários, lobistas, advogados, políticos, religiosos e outras pessoas
que participariam do esquema criminoso.
Os nomes não foram divulgados devido ao sigilo das investigações,
informou a PF. Entre os crimes atribuidos aos envolvidos estão lavagem
de dinheiro, associação criminosa, crimes financeiros, corrupção ativa e
passiva, cujas penas ultrapassam os 30 anos de reclusão.
Os presos em Pernambuco foram levados até a sede da Polícia Federal,
no Recife, onde são interrogados e logo em seguida encaminhados para os
respectivos sistemas prisionais. Os presos de outros estados devem ficar
reclusos em sistemas prisionais de seus estados, onde ficam à
disposição do Tribunal Regional Federal da 5ª Região.
Fonte : G1 / Blog do BG
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