Vicente Lenílson aguarda com ansiedade o
desfecho do caso de doping envolvendo Nesta Carter. Afinal, o velocista
brasileiro de 39 anos poderá depois de oito anos herdar uma medalha
olímpica que lhe escapou por apenas nove centésimos na disputa do
revezamento 4x100m nos Jogos Olímpicos de Pequim.
Carter foi pego em exame antidoping com
um estimulante em uma reanálise uma amostra de urina de 2008 e a
contraprova também apontou a presença do estimulante methylhexanamina,
segundo informa a agência de notícias Reuters e o jornal Jamaica
Gleaner. O jamaicano integrou a equipe de seu país, que acabou com o
ouro. Se o caso for mesmo confirmado pelo Comitê Olímpico Internacional
(COI), a cassação da medalha deverá de fato acontecer. Assim, Trinidad e
Tobago herdaria o ouro, o Japão a prata e o bronze acabaria com os
brasileiros.
“Acho que sou o único atleta do mundo
que vai passar duas vezes por isso de não ter ganhado uma medalha que
merecia na pista por caso de doping. Confesso que me senti feito de
bobo”, disse Lenílson em entrevista ao UOL Esporte.
O ex-corredor se refere também ao
ocorrido nos Jogos Olímpicos de Sydney-2000. Na ocasião, o Brasil ficou
com a prata, atrás dos Estados Unidos. Anos depois, Tim Montgomorey
confessou que fazia uso de substâncias ilegais. Os americanos, porém,
nunca perderam o título.
“O Montgomery confessou, mesmo não tendo
sendo pego em exame antidoping. Ainda assim não ganhamos o ouro que
seria nosso de direito. Agora eu quero que esta história seja diferente.
Já criei um grupo no Whatsapp com todos que participaram daquele
revezamento e queremos nos reunir com o COB (Comitê Olímpico do Brasil)
para que cobrem o COI. Naquele caso de 200 nunca vi nenhum documento
pedindo a nossa medalha. Agora vamos cobrar, pois nos sentimos lesados”,
disse Lenílson.
“Quero esta medalha. Serviria para
corrigir um erro, e não deixar uma mancha no atletismo. Já pensou se dá
tempo de a gente receber esta medalha aqui no Brasil na Olimpíada? Seria
algo indescritível”, completou.
A Confederação Brasileira de Atletismo
(CBAt) encaminhou ao COB um pedido para que verifique a situação junto
ao COI. Procurado pela reportagem, o COB informou que aguarda a posição
do órgão internacional para poder se manifestar.
De acordo com a regra 41 da Associação
das federações Internacionais de Atletismo (Iaaf), implementada em 2004,
“uma equipe de revezamento deverá ser automaticamente desclassificada
do evento em questão e a cassação de todos os títulos, resultados,
medalhas, pontos e premiação caso haja um teste positivo”.
A entidade também pretende pleitear o
bronze para a equipe feminina do 4×100 m caso seja comprovado do doping
de Yuliya Chermoshanskaya, russa que integrava o time campeão. As
brasileiras que faziam parte da equipe também estão no grupo de Whatsapp
organizado por Lenílson.
Brasileiros suspeitavam de Nesta Carter
Lenílson disse que não ficou surpreso ao
saber que Nesta Carter está envolvido com doping e relembrou a rápida
evolução do jamaicano, que em 2007 tinha como melhor marca nos 100m
rasos 10s11 e em 2008 já conseguiu baixar para 9s98.
“Em um ano o cara estava entre os cem
melhores do mundo e no outro já estava entre os dez. Sempre fiquei e
dúvida e suspeitei, mas não tinha provas para acusar. Por isso não
fiquei tão surpreso”, disse.
José Carlos Morerira, o Codó, que também integrou o revezamento brasileiro em Pequim afirmou que suspeitava de Carter.
“Quando um cara começa a evoluir muito
rápido fica uma suspeita. Espero que a Justiça seja feita o e fato de o
Bolt poder perder a medalha por causa disso não tenha influência. Estou
esperançoso”, completou.
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