Operação Juízo Final busca o cumprimento de 129 mandados de busca e apreensão, 21 mandados de prisão e 24 conduções coercitivas.
Após quase dois anos de investigação, o Ministério Público do Rio
Grande do Norte deflagrou na última sexta-feira (16) uma operação contra
integrantes de uma facção criminosa que coordenavam – de dentro de
presídios – ações relacionadas ao tráfico de drogas, roubo de veículos,
estouros de caixas eletrônicos, homicídios, estruturação da facção,
entre outros.
Denominada Juízo Final, a operação busca o cumprimento de 129 mandados
de busca e apreensão, 21 mandados de prisão e 24 conduções coercitivas.
As medidas estão sendo cumpridas em Natal, Parnamirim, Ceará Mirim,
Macaíba, Baía Formosa, Mossoró, Itajá, Felipe Guerra, Baraúna, Caraúbas,
Martins, Pau dos Ferros, São Francisco do Oeste, Tenente Laurentino
Cruz.
Também há cumprimento de mandados na Penitenciária Rogério Coutinho
Madruga (Pav. 5), Penitenciária de Alcacuz, Cadeia Pública de Natal, CDP
Zona Norte, Complexo Penal João Chaves, CDP Pirangi, Penitenciária
Estadual de Parnamirim, CDP Parnamirim, Cadeia Pública de Mossoró,
Presídio Mário Negócio, Cadeia Pública de Caraúbas, Presídio de Pau dos
Ferros, CDP Patu, CDP Parelhas, CDP Jucurutu.
De acordo com o MP, foram encaminhadas ao Poder Judiciário 26 denúncias
contra os alvos da operação pelos crimes de tráfico de drogas e lavagem
de dinheiro. Outras denúncias ainda serão oferecidas.
A investigação mostrou que os alvos, que pertencem ao PCC, comandam o
tráfico de drogas de dentro dos presídios apresentando uma área de
atuação em praticamente todo o sistema carcerário potiguar e mantendo
articulações com integrantes da investigada facção em outros estados do
Brasil.
Na análise dos áudios interceptados, é revelado que os principais
investigados integram uma organização criminosa com divisões de tarefas
bem definidas visando a prática de crimes, além de acirrarem a rixa
contra o Sindicato do RN, facção existente no Rio Grande do Norte.
Resgate de presos, assaltos, roubo de veículos, tráfico e plano para
matar rivais são alguns dos assuntos discutidos entre os investigados
durante o período que tiveram suas ligações telefônicas monitoradas. Em
alguns dos áudios, é possível notar que alguns dos investigados estão
comandando o tráfico de drogas de dentro dos presídios na Grande Natal e
em Mossoró.
Cadernos apreendidos apontam a relação dos integrantes da facção
criminosa com data de batismo, função e número de telefones. Além disso,
documentos com dados bancários foram apreendidos, o que colaborou para
demonstrar a movimentação financeira do grupo.
Finanças
A operação também revelou um esquema “familiar” usado pelos
investigados que estão presos. De acordo com o MP, mulheres conhecidas
como “cunhadas” fornecem seus dados bancários para transações
financeiras dos presos. Houve o afastamento do sigilo bancário de 184
contas relacionadas com a facção, as quais movimentaram, em um período
de dois anos, aproximadamente R$ 6 milhões.
Um caso, em especial, mostra que, em dois anos, uma das mulheres
movimentou R$ 1,3 milhão na conta bancária em uma cidade do Oeste
potiguar.
Os alvos da operação vão responder pelos crimes de organização
criminosa, tráfico de drogas, lavagem de dinheiro, entre outros. O
material apreendido no cumprimento de outros mandados será analisado
junto com o que já estava em posse dos promotores que atuaram na
operação.
Rebelião e mortes
A Penitenciária Estadual de Alcaçuz, um dos alvos de mandados nesta sexta, foi palco de uma rebelião que deixou 26 mortos em janeiro deste ano.
A rebelião começou quando presos do pavilhão 5, que abriga integrantes
do Primeiro Comando da Capital (PCC), usando armas brancas, quebraram
parte de um muro e invadiram o pavilhão 4, onde há presos que integram o
Sindicato do Crime, facção criminosa rival do PCC. As duas facções
travaram uma verdadeira guerra dentro da unidade prisional durante pelo
menos seis dias.
No dia 31 de janeiro, cinco criminosos apontados como chefes do PCC
foram transferidos da Penitenciária Estadual de Alcaçuz para o presídio
federal de Porto Velho, em Rondônia.
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