Quem será que é o mais insidioso, pérfido e traiçoeiro? O invejoso ou o
ganancioso? O invejoso sente raiva ou frustração com a felicidade e o
sucesso alheio. O ganancioso possui uma ambição desmedida e utiliza
todos os meios ilícitos para conseguir as coisas.
Na verdade, não importa saber qual delas é a pior, pois ambas não medem esforços no sentido de atingir seus objetivos. O filósofo Plutarco dizia que ?de todos os distúrbios da alma, a inveja é a única que não se confessa?. De fato, é mais fácil um invejoso confessar um crime do que um ato praticado por inveja.
A frase de Plutarco reforça o conceito que Schopenhauer, conhecido como o filósofo do pessimismo, tinha sobre o invejoso: Um inventor de infindáveis truques e estratagemas que usa para se esconder e disfarçar.(...) Um mestre da simulação. (...) Lança o sarcasmo e calúnia como o sapo cuspindo veneno de dentro da sua toca.
Quanto mais sucesso fizermos, mais inteligentes formos, mais nos destacarmos, tanto maior é o sentimento negativo do invejoso. Por outro lado, o ganancioso é como um saco furado ou sem fundo: nunca consegue enchê-lo por mais coisas que coloque dentro.
Alguns escritores entendem que os invejosos são mais perigosos do que os gananciosos. Isso é porque eles possuem maior capacidade para disfarces, pois tanto utilizam a calúnia quanto o excesso de elogios. Na verdade, o campo de atuação do invejoso é bem mais amplo do que o do ganancioso.
Na calúnia, é típico o invejoso dizer que fulano é mais inteligente do que ele, mas (acrescenta) é uma pessoa sem moral nem escrúpulos. No excesso de elogios, outro disfarce dos invejosos, é preciso ter muito cuidado, porque o invejoso utiliza todas as armas (a mentira é uma delas) do arsenal de emoções e conflitos da alma que possui.
Para o escritor Baltasar Gracián, o invejoso não morre apenas uma vez, mas várias, sempre que o invejado escuta um elogio. É a eterna tortura e suplício das almas invejosas, toda vez que se deparam com alguém, seja amigo ou conhecido, que lhes ultrapassam em inteligência, boa aparência, charme etc.
Às vezes, o invejoso ultrapassa o ganancioso em maldade, como no conto a seguir, extraído da parábola judaica ? Os sete pecados mortais de Solomon Schimmel:
?Um homem ganancioso e outro invejoso encontraram um rei. O monarca lhes disse:
? Um de vocês dois pode me pedir alguma coisa e eu lhe darei, desde que possa dar em dobro ao outro.
O invejoso não quis ser o primeiro porque ficou com inveja do companheiro que receberia em dobro, e o ganancioso também porque desejava tudo para ele. Finalmente, o ganancioso pressionou o invejoso para fazer o pedido. Aí o invejoso pediu ao rei para lhe furar um dos olhos?.
Moral da história: Em certos casos, a crueldade humana não tem limites, pois surpreende e excede a própria ficção.
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